I Seminário Nacional de Viola Caipira

Nos dias 25, 26 e 27/04/2008, foi realizado no SESC Minas, em Belo Horizonte - MG o 1° Seminário de Viola Caipira, organizado pela ANVB (associação nacional dos violeiros do Brasil).
Foi um grande acontecimento para a nossa cultura popular, onde foram discutidas, em vários tópicos, a história e os caminhos da viola no Brasil hoje.

Estiveram presentes grandes mestres de nossa cultura popular, desde Seu Manelin (MG), Badia Medeiros (GO), Oliveira de Panelas (PE), Leonildo Pereira (PR) entre outros grandes nomes que se destacam na viola caipira.

Os dias eram marcados por palestras e apresentações. Vários temas foram abordados:

A Viola na Musicalidade do Brasil Colônia:
Nessa mesa foi tratada a trajetória da viola caipira, desde sua chegada junto aos europeus e suas transformações com o decorrer da história. Participações de Rogério Budaz (professor e pesquisador UFPR), Gisela Nogueira ( musicista e pesquisadora), Roberto Corrêa ( violeiro e pesquisador) e Dionísio Machado Neto (musicólogo- USP)

A Viola e suas Manifestações na Cultura Popular:
Aqui as discussões ficaram em torno das tradições populares, desde o repente nordestino, a viola de cocho matogrosensse, desaparecimento e renascimento da viola nas manifestações populares e suas transições entre o movimento rural e urbano. Participações de Carlos Felipe (pesquisador e membro do CTM), Antonio Madureira (musico e pesquisador), Abel Santos (musico e pesquisador da viola de cocho) e Rogério Gulin (violeiro e pesquisador)

Novos Rumos da Viola – Novas linguagens e campo
Discussões sobre as novas formas de execuções, influências, caminhos e possibilidades para a viola caipira na atualidade. Foi um dos debates mais polêmicos entre o “tradicional” e o “moderno”. Participações de Ricardo Vigníni (Matuto Moderno), Marcos Mesquita (violeiro e professor de viola – UFB), Myrian Taubkin (produtora”Violeiros do Brasil”) Paulo freire (violeiro e escritor) e Fernando Deghi (violeiro e pesquisador)

Metodologia de Ensino da Viola
Experiências educacionais, métodos de ensino, registro, documentação e os caminhos para o ensino da viola caipira. A viola da oralidade à universidade. Participações de Elias Kopcak (Trio Carapiá, Unicamp e prof° OFV) Enúbio Queiroz (pesquisador – UFB), Adelmo Arcoverde (violeiro e professor de viola) Zeca Collares ( violeiro e professor de viola) e Roberto Corrêa (violeiro e pesquisador).

A Música Caipira
Aqui foi tratada a história da música caipira, seu personagens, sua migração para cidade, suas transformações, as gravações e sua preservação. Participações de Luis Faria (violeiro) João Paulo Amaral (Trio Carapiá, mestrado sobre Tião Carreiro – Unicamp), Wolmi Batista (clube dos violeiros de Brasília) e Leví Ramiro (violeiro)

Orquestras de Viola: ação musical e social.
A orquestra com meio de integração social. O trabalho coletivo de todas as idades e sua convivência para a manifestação, expansão e preservação da cultura. A linguagem, a didática e o laboratório para a formação de novos violeiros. Participações de Tarcísio Manuvéi (orquestra de viola do cerrado), Rui tornezi (orquestra paulistana de viola caipira), Ricardo Anastácio (violeiro) e Wilson Lima (presidente do núcleo de cultura caipira)

Difusão da Viola - Realização de eventos de viola
Foram discutidos os movimentos e espaços para divulgação e expansão da cultura popular como rádios, TV, revistas, encontros de violeiros, etc. Quais os caminhos para a formação de novos públicos. Participações de Israel do Vale (Diretor de Programação da Rede Minas), Mineirinho (MST/ Encontro Nacional dos Violeiros), Pinho (Revista Viola Caipira) Chico Lobo (Violeiro/Programa Viola Brasil) e João Evangelista Rodrigues (jornalista, escritor e compositor).

Por uma Política Pública para a Música de Viola e suas Tradições – Ações públicas segmentadas.
Em pauta, as parcerias e os projetos já realizados, projetos futuros e a estruturação no campo político-cultural. Participações de Celso Frateschi (FUNARTE), Evelaine Martinez (Coletivo Nacional de Cultura do MST), Adriana Lopes (Nead/MDA)
Jacinto Amaral (Petrobras) e Kuru (ANVB).

Também houve amostra de vídeos sobre a cultura caipira, exposições de Violas de Queluz, também sobre Tocadores – homem, terra, música e cordas na escola – e a Viola Caipira e seus processos de confecção.

No domingo, uma grande apresentação marcou o encerramento no teatro SESI-Minas, co a presença de Pereira da Viola, Joací Ornelas, Décio Marques, Roberto Corrêa, Gisela Nogueira, Paulo Freire, Adelmo Arcoverde, Fernando Deghi, Miltinho Edilberto, Leví Ramiro, Rogério Gulin, Chico Lobo, Zeca Collares e Zé Mulato e Cassiano.

Foto: Marcelo Rosa

Acervo: Max Rosa

Opnião de um Violeiro Novo

É difícil definir apenas em palavras toda a energia que rolou durantes estes três dias. Para mim foi um marco. Poder conviver com os mestres da viola, aqueles que só conhecia por foto ou através de suas músicas foi definitivamente a solidificação de minha trajetória como violeiro. Aprendi muito. Também tive o imenso prazer de conhecer a geração que está chegando como, João Arruda, os Violeiros Matutos, Igor Ávila, Eros de La Vega, entre outros que fazem parte da nova safra de talentosos violeiros. Novos Amigos como Alex e Joyce (casal maravilhoso), o Saulo, João (Jedi), Daniel da Bequadro, o Felipe do Paraná, Marcelo Braga de BH, o grande companheiro de aulas de percepção da ULM Rafael Maryn e tantos outros que fizeram parte desse Seminário.
Tive o prazer de conhecer o Bilóra, grande compositor e violeiro, João Araújo do Viola Urbana, Ricardo Vigníni do Matuto Moderno, Rubinho do Vale, entre outros Grandes nomes. Conhecer os Grandes Mestres como o Seu Leonildo Pereira, um grande fandangueiro do Paraná, Seu Badia Medeiros, Seu Manelin do sertão do Urucuia- MG, Seu Oliveira de Panelas (pessoas que carregam toda uma cultura em suas “anônimas” trajetórias), e tantos outros que me fez ter uma outra visão sobre esse maravilhoso instrumento, me localizar e saber onde estou inserido neste universo. A simpatia de tantos nomes da nossa viola, gente do bem que trabalha sério para preservar todo nosso patrimônio cultural e não deixá-lo se perder novamente.

Quero agradecer muito a força do Sidnei Oliveira, Joací Ornelas e de toda a produção do evento no auxílio do nosso companheiro Jackson Ricarte, que foi internado em BH durante o evento (que agora passa muito bem).
Enfim, voltei para São Paulo extremamente maravilhado com a experiência. Muitas discussões importantes foram abertas e esperamos que a continuidade desse evento ocorra no próximo ano.
Viva São Gonçalo... Viva os Três Reis Santos... Viva os Grandes Mestres... Viva a Nossa Cultura Popular... Viva a Nossa Brasilidade... Viva a Viola Caipira...

Até a Próxima!!!

Carlos Vergalim

2 comentários:

Anônimo disse...

E ai meu bom...
Visito seu "blogue"....
E nunca lhe parabenizei.
Este é meu comentário.

Até
Ailton Rios
www.ailtonrios.hpg.com.br
Tel.: 11 9315.1983

Anônimo disse...

Salve Salve Carlos Vergalim,

Está de parabéns pelo belo trabalho direcionado a viola e os seus violeiros apaixonados. Sucesso...um abração violeirístico!

Cleber Vianna
http://www.casadosvioleiros.com